Companhia
carioca aposta em personagens desviantes como fontes de riso e reflexão
Quem não cultiva alguma excentricidade, por menor que
seja, normal não pode ser. E se a extravagância for de nível médio ou avançado,
cuidado, você pode se reconhecer nos personagens de “Inaptos? A que se
destinam”. Manias, perversões, estranhezas e vícios compõem o tema da montagem,
que explora da compulsão por cirurgias plásticas à obsessão por plástico-bolha,
passando pela fixação em games, religiões e substâncias químicas. A
apresentação faz parte da programação do Festival de Dança de Londrina 2014,
com exibição nesta terça-feira, dia 7, às 20 horas, na Usina Cultural. A
entrada é gratuita.
Foto Celso Pereira |
O espetáculo do Teatro de Anônimo, do Rio de Janeiro,
mistura teatro e dança, com um quê circense, tratando com ironia o excesso. Sem
julgamentos morais – ou pelo menos rejeitando a obviedade das opiniões prontas
– os palhaços João Carlos Artigos (Seu Flor), Fábio Freitas (Prego) e Shirley
Britto (Buscapé) retratam o universo de personagens capazes de levar as manias
às raias da loucura, comprovando que, em demasia, quase tudo cabe no limite
entre sanidade e distúrbio, ou entre a necessidade de tratamento e o riso.
A
encenação foi inicialmente inspirada no livro “Os Vícios não são crime”, do
escritor estadunidense Lysander Spooner, mas depois ganhou outras referências,
inclusive cinematográficas, como a obra de Felini e de Jos Stelling, diretor do
filme holandês “O Ilusionista”, assistido várias vezes pelo grupo. Isso sem
contar influências mais populares e afetivas, como os títulos de O Gordo e O
Magro. “A comicidade tem isso, é um campo que a gente acaba acessando muitos
materiais”, explica a diretora do espetáculo Adriana Schneider.
Desde os anos 1990, o elenco do Teatro de Anônimos tem
estreita relação com a palhaçaria, participando de cursos e retiros específicos
sobre o tema. Para “Inaptos? A que se destinam”, os performers se prepararam em um laboratório específico de uma semana
com Ricardo Puccetti, parceiro de longa data do grupo e um dos mais importantes
nomes da palhaçaria no Brasil.
Foto Celso Pereira |
O Bufão, Charlatão e outras figuras tradicionais dão o
tom parodista ao espetáculo, que flerta com a crítica social e política. A
diretora do espetáculo ressalta que, ao contrário da maioria das apresentações
de palhaçaria, inspiradas em números breves e apenas de caráter circense,
“Inaptos? A que se destina” lida com a articulação dos personagens em um
formato dramatúrgico propriamente dito, como um espetáculo em si. Encenada
desde 2012, a montagem já passou pelo processo de amadurecimento só adquirido
na relação com o público e promete ao espectador de Londrina a união feliz
entre riso, reflexão e fruição estética. A vinda do espetáculo à cidade é uma
parceria entre o Festival de Dança e o Sesc Londrina.
Renato Forin Jr. (assessoria de imprensa)
SERVIÇO
Inaptos? A
que se destinam
Teatro de
Anônimo
(Rio de Janeiro - RJ)
Dia: 7 de outubro (terça-feira)
Horário: 20 horas
Local: Usina Cultural
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
GRATUITO
Ficha
técnica:
Palhaços: Fábio Freitas, João Carlos Artigos e Shirley
Britto
Direção e dramaturgia: Adriana Schneider / Teatro de
Anônimo
Criação e material dramatúrgico: Adriana Schneider,
Fábio Freitas, João Carlos Artigos e Shirley Britto
Assessoria técnica em palhaçaria: Ricardo Puccetti
Assessoria técnica em mágica: Mágico Rossini
Figurino: Patrícia Muniz
Consultoria em cenografia: Christiane Caetano e Dodô
Giovanetti
Adereços: Mario
Campioli e Jorge Krugler
Técnicos: Dodô Giovanetti e Antonio
Direção musical: Ricardo Cotrim
Programação visual: Caco Chagas
Direção de produção: Flávia Berton e João Carlos
Artigos
Realização: Teatro de Anônimo
Parceria: SESC – Palco Giratório
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