terça-feira, 7 de outubro de 2014

O palco como destino dos excessos

Companhia carioca aposta em personagens desviantes como fontes de riso e reflexão

Quem não cultiva alguma excentricidade, por menor que seja, normal não pode ser. E se a extravagância for de nível médio ou avançado, cuidado, você pode se reconhecer nos personagens de “Inaptos? A que se destinam”. Manias, perversões, estranhezas e vícios compõem o tema da montagem, que explora da compulsão por cirurgias plásticas à obsessão por plástico-bolha, passando pela fixação em games, religiões e substâncias químicas. A apresentação faz parte da programação do Festival de Dança de Londrina 2014, com exibição nesta terça-feira, dia 7, às 20 horas, na Usina Cultural. A entrada é gratuita.

Foto Celso Pereira
O espetáculo do Teatro de Anônimo, do Rio de Janeiro, mistura teatro e dança, com um quê circense, tratando com ironia o excesso. Sem julgamentos morais – ou pelo menos rejeitando a obviedade das opiniões prontas – os palhaços João Carlos Artigos (Seu Flor), Fábio Freitas (Prego) e Shirley Britto (Buscapé) retratam o universo de personagens capazes de levar as manias às raias da loucura, comprovando que, em demasia, quase tudo cabe no limite entre sanidade e distúrbio, ou entre a necessidade de tratamento e o riso.

A encenação foi inicialmente inspirada no livro “Os Vícios não são crime”, do escritor estadunidense Lysander Spooner, mas depois ganhou outras referências, inclusive cinematográficas, como a obra de Felini e de Jos Stelling, diretor do filme holandês “O Ilusionista”, assistido várias vezes pelo grupo. Isso sem contar influências mais populares e afetivas, como os títulos de O Gordo e O Magro. “A comicidade tem isso, é um campo que a gente acaba acessando muitos materiais”, explica a diretora do espetáculo Adriana Schneider.

Desde os anos 1990, o elenco do Teatro de Anônimos tem estreita relação com a palhaçaria, participando de cursos e retiros específicos sobre o tema. Para “Inaptos? A que se destinam”, os performers se prepararam em um laboratório específico de uma semana com Ricardo Puccetti, parceiro de longa data do grupo e um dos mais importantes nomes da palhaçaria no Brasil.

Foto Celso Pereira
O Bufão, Charlatão e outras figuras tradicionais dão o tom parodista ao espetáculo, que flerta com a crítica social e política. A diretora do espetáculo ressalta que, ao contrário da maioria das apresentações de palhaçaria, inspiradas em números breves e apenas de caráter circense, “Inaptos? A que se destina” lida com a articulação dos personagens em um formato dramatúrgico propriamente dito, como um espetáculo em si. Encenada desde 2012, a montagem já passou pelo processo de amadurecimento só adquirido na relação com o público e promete ao espectador de Londrina a união feliz entre riso, reflexão e fruição estética. A vinda do espetáculo à cidade é uma parceria entre o Festival de Dança e o Sesc Londrina. 

Renato Forin Jr. (assessoria de imprensa)

SERVIÇO
Inaptos? A que se destinam
Teatro de Anônimo
(Rio de Janeiro - RJ)
Dia: 7 de outubro (terça-feira)
Horário: 20 horas
Local: Usina Cultural
Duração: 80 minutos
Classificação indicativa: 16 anos
GRATUITO

Ficha técnica:
Palhaços: Fábio Freitas, João Carlos Artigos e Shirley Britto
Direção e dramaturgia: Adriana Schneider / Teatro de Anônimo
Criação e material dramatúrgico: Adriana Schneider, Fábio Freitas, João Carlos Artigos e Shirley Britto
Assessoria técnica em palhaçaria: Ricardo Puccetti
Assessoria técnica em mágica: Mágico Rossini
Figurino: Patrícia Muniz
Consultoria em cenografia: Christiane Caetano e Dodô Giovanetti
Adereços:  Mario Campioli e Jorge Krugler
Técnicos: Dodô Giovanetti e Antonio
Direção musical: Ricardo Cotrim
Programação visual: Caco Chagas
Direção de produção: Flávia Berton e João Carlos Artigos
Realização: Teatro de Anônimo

Parceria: SESC – Palco Giratório

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