Espetáculo inspirado em dança
clássica indiana usa tecnologia para aproximar o espectador ocidental da
mitologia e códigos hindus
“Já temos uma relação com Londrina antes mesmo de
chegar à cidade. Pintamos os pés de vermelho para dançar”, entusiasma-se Andrea
Albergaria, diretora do espetáculo 3D-Tridevi, atração desta quarta-feira (8),
no Festival de Dança de Londrina, às 20 horas, no Circo Funcart. Para traduzir parte da complexa mitologia hindu e dos
modelos da coreografia clássica indiana, repleta de significados por trás de
cada gesto, a montagem investe na projeção de imagens, de modo a tornar mais
compreensível o sentido dos movimentos para o público ocidental. “Muitos gestos
são codificados e nem sempre temos os códigos. As novas tecnologias ajudam
exatamente nessa ponte”, explica Albergaria.
“3D-Tridevi” estreou no início deste ano em Nova Delhi,
o que exigiu muita confiança e boa dose de ousadia. Afinal,
tratava-se de uma companhia brasileira, do interior paulista, a apresentar um
espetáculo de dança indiana clássica em plena capital do país, sob os olhos do
povo que milenarmente encena os movimentos sinuosos e as formas geométricas
requeridas pelos passos. “Sou ocidental,
trago toda uma bagagem própria, diferente da experiência de um hindu, mas foi
muito emocionante para mim e para eles. O que contou mesmo foi o entendimento
da arte como linguagem universal. Eles se surpreenderam com o resultado”,
descreve a diretora.
3D-TRIDEVI - foto de Yaakov Ossietinsky |
Com uma bagagem de 20 anos de estudos sobre a Índia e
suas danças, Andrea envereda pelo universo do Odissi, estilo ritualístico
baseado nas energias masculina e feminina, chowka
e tribhanga, respectivamente. No
Odissi, todo trejeito, do movimento dos olhos à expressão facial, tem uma intenção
particular e o desafio é estabelecer o diálogo entre os moldes ancestrais de
expressão e o universo contemporâneo dos intérpretes. A companhia atibaiana
encontrou seus caminhos na fusão entre teatro, dança, poesia e imagem, propondo
um passeio entre espaços sagrados e profanos. O espetáculo é baseado em textos
da poetisa carioca Cecília Meireles e de Kalidasa, poeta e dramaturgo sânscrito
do século IV ou V (não se sabe ao certo), alçado ao panteão dos autores da
mitologia hindu. A coreografia é encenada ao som do repertório musical
tradicional indiano.
O elenco composto por Andrea Albergaria, Carmen
Fournier e Lucia Minozzo – em uma parceria que já dura 14 anos – tem no
currículo apresentações em diversos países além da Índia, como França e Angola.
O trio acredita que o espetáculo em geral e cada dançarina é particular é como
um par de óculos 3D mencionados no título: uma porta de acesso a outras
dimensões e experiências estéticas, como se a tradição se revelasse em novas
cores e ângulos ao público do aqui e agora.
Serviço:
3D - Tridevi
Odissi Dans
(Bra)
(Atibaia – SP)
Dia: 8 de outubro (quarta-feira)
Horário: 20 horas
Local: Circo Funcart
Duração: 45 minutos
Classificação indicativa: Livre
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)
Ficha Técnica:
Direção e criação:
Andrea Albergaria
Elenco: Andrea
Albergaria, Carmen Fournier e Lucia Minozzo.
Coreografia: Andrea
Albergaria, Guru Kelucharan Mohapatra, Gangadhar Pradhan e Mayadhar Raut.
Imagens: Ya Kov
Desenho de Luz: Andrea
Albergaria
Textos inspirados em
obra de Cecília Meireles e Kalidasa.
Adaptação livre e
narração: Andrea Albergaria
Figurino: Shoban Lal
Música: repertório
musical tradicional de Orissa, Índia.
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