quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Dança em rubros pés: conexão Índia-Paraná

Espetáculo inspirado em dança clássica indiana usa tecnologia para aproximar o espectador ocidental da mitologia e códigos hindus

“Já temos uma relação com Londrina antes mesmo de chegar à cidade. Pintamos os pés de vermelho para dançar”, entusiasma-se Andrea Albergaria, diretora do espetáculo 3D-Tridevi, atração desta quarta-feira (8), no Festival de Dança de Londrina, às 20 horas, no Circo Funcart. Para traduzir parte da complexa mitologia hindu e dos modelos da coreografia clássica indiana, repleta de significados por trás de cada gesto, a montagem investe na projeção de imagens, de modo a tornar mais compreensível o sentido dos movimentos para o público ocidental. “Muitos gestos são codificados e nem sempre temos os códigos. As novas tecnologias ajudam exatamente nessa ponte”, explica Albergaria.

“3D-Tridevi” estreou no início deste ano em Nova Delhi, o que exigiu muita confiança e boa dose de ousadia. Afinal, tratava-se de uma companhia brasileira, do interior paulista, a apresentar um espetáculo de dança indiana clássica em plena capital do país, sob os olhos do povo que milenarmente encena os movimentos sinuosos e as formas geométricas requeridas pelos passos. “Sou ocidental, trago toda uma bagagem própria, diferente da experiência de um hindu, mas foi muito emocionante para mim e para eles. O que contou mesmo foi o entendimento da arte como linguagem universal. Eles se surpreenderam com o resultado”, descreve a diretora.
3D-TRIDEVI - foto de Yaakov Ossietinsky
Com uma bagagem de 20 anos de estudos sobre a Índia e suas danças, Andrea envereda pelo universo do Odissi, estilo ritualístico baseado nas energias masculina e feminina, chowka e tribhanga, respectivamente. No Odissi, todo trejeito, do movimento dos olhos à expressão facial, tem uma intenção particular e o desafio é estabelecer o diálogo entre os moldes ancestrais de expressão e o universo contemporâneo dos intérpretes. A companhia atibaiana encontrou seus caminhos na fusão entre teatro, dança, poesia e imagem, propondo um passeio entre espaços sagrados e profanos. O espetáculo é baseado em textos da poetisa carioca Cecília Meireles e de Kalidasa, poeta e dramaturgo sânscrito do século IV ou V (não se sabe ao certo), alçado ao panteão dos autores da mitologia hindu. A coreografia é encenada ao som do repertório musical tradicional indiano.

O elenco composto por Andrea Albergaria, Carmen Fournier e Lucia Minozzo – em uma parceria que já dura 14 anos – tem no currículo apresentações em diversos países além da Índia, como França e Angola. O trio acredita que o espetáculo em geral e cada dançarina é particular é como um par de óculos 3D mencionados no título: uma porta de acesso a outras dimensões e experiências estéticas, como se a tradição se revelasse em novas cores e ângulos ao público do aqui e agora.

Serviço:
3D - Tridevi
Odissi Dans (Bra)
(Atibaia – SP)
Dia: 8 de outubro (quarta-feira)
Horário: 20 horas
Local: Circo Funcart
Duração: 45 minutos
Classificação indicativa: Livre
Ingressos: R$ 10 e R$ 5 (meia)

Ficha Técnica:
Direção e criação: Andrea Albergaria 
Elenco: Andrea Albergaria, Carmen Fournier e Lucia Minozzo.
Coreografia: Andrea Albergaria, Guru Kelucharan Mohapatra, Gangadhar Pradhan e Mayadhar Raut.
Imagens: Ya Kov
Desenho de Luz: Andrea Albergaria
Textos inspirados em obra de Cecília Meireles e Kalidasa.
Adaptação livre e narração: Andrea Albergaria
Figurino: Shoban Lal

Música: repertório musical tradicional de Orissa, Índia.

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