Diretor do Ballet de
Londrina e o desafio da criação
Companhia Ballet de
Londrina abre portas para grupos brasileiros na América da Sul. Pela sexta vez,
o elenco londrinense se apresenta no Peru
A dança contemporânea
passa por um estágio dramático em que coreógrafos e grupos vivem no
limite entre a originalidade, apesar de preservarem em cada espetáculo a linguagem e a marca que
os tornam reconhecidos. Um privilégio de poucos.
O diretor Leonardo
Ramos e a Companhia Ballet de Londrina representarão essa elite da dança
contemporânea brasileira no Festival Internacional Dança Nueva, no Peru, de 24
a 30 de junho.
O grupo londrinense
embarca pela sexta vez para o evento, realizado pelo Instituto Cultural Peruano
Norte-americano (ICPNA), um dos centros peruanos de dança contemporânea mais
importantes, promovendo uma programação intensa durante um mês em que,
tradicionalmente se apresentam, como convidados quatro grupos. Além do Peru,
Brasil, México e Estados Unidos.
A coreografia de estreia do Ballet de Londrina no festival, “Elogio”, apresentada em 1997,
abriu as portas não só para o reconhecimento do trabalho de Ramos e da
consistência do elenco londrinense que, tradicionalmente forma em sua escola
bailarinos, como Anderson Braz, que hoje é diretor de uma das mais importantes
companhias do mundo, a israelense Maria Kong, mas também para grupos paulistas,
goianos e do nordeste.
“Desde que nos apresentamos pela primeira vez, o curador do
festival, Fernando Torres, nos convida e, pelo menos a cada dois anos,
participamos do evento. É o tempo estreia de um espetáculo e outra. O público
já tem uma referência e acompanha a evolução do nosso trabalho em coreografias
como ‘Decalque’, ‘Para Acordar os Homens e Adormecer as Crianças’ e agora ‘A
Sagração da Primavera’”, comenta Ramos.
O grupo londrinense, que já alimentou polêmicas em torno de
coreografias, como “Nunca”, atrai a atenção do público peruano, que lota as
apresentações, mas também da crítica sempre favorável.
O ano de 2012 é excepcional para a companhia londrinense,
que fará a segunda viagem internacional. A primeira foi para a França e, logo
que voltar do Peru, embarca para turnê pelo Nordeste.
Ramos destaca que, tradicionalmente, os espetáculos do
festival peruano são assistidos por representantes de embaixadas. O que pode
representar contatos para futuras apresentações em outros países, como os EUA,
que também faz parte da programação.
“Realizaremos oficinas de dança, mostrando o nosso processo
de trabalho, como já fizemos na França e na África, onde já nos apresentamos.
Faremos ensaios abertos para a imprensa,
conversas com jornalistas, o que é um processo importante para que conheçam a
nossa linguagem”, observa o diretor.
Foto MarijnAlders_SagracaoDaPrimavera |
O Ballet de Londrina é reconhecido justamente por sua
linguagem que, apesar de não ser inovadora é singular porque é de Londrina, uma
cidade que, com o trabalho da Funcart, que mantém a Escola Municipal de Dança,
berço de muitos bailarinos que passaram pela companhia, está formando uma
tradição na arte.
O grande desafio é manter-se sempre original dentro da linguagem
num cenário dramático da dança, que carece de inspiração e transpiração
para a excelência.
“É o nosso grande desafio. Conservar a marca, a linguagem e
não ser repetitivo. Suzanne Link afirmou que um criador levava 10 anos para se
repetir e que isso passou a acontecer em 1 ano. Ela disse isso há uma década,
quando não tínhamos a velocidade de informações que temos com a internet e
outras tecnologias, o que torna ainda mais comum a repetição”, comenta Ramos.
MarijnAlders_SagracaoDaPrimavera |
Sempre em ebulição, a criatividade do diretor também está na
expectativa de concretizar um projeto do curador do Festival Internacional
Danza Nueva, Fernando Torres, que convidou o diretor londrinense para dirigir
um espetáculo no Peru. Enquanto isso, Ramos trabalho em sua nova montagem, que
deve estrear no segundo semestre.
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