Espetáculo, que chega ao Circo Funcart neste fim
de semana, mescla teatro e música para tratar de temas polêmicos
Escrito
em 1895, o livro “O Bom Crioulo”, de Adolfo Caminha, foi recebido com escândalo
pela sociedade conservadora. A ousadia do autor era imensa. Ele reunia na mesma
obra questões delicadas na época: descreveu o amor entre dois homens de cores e
classes sociais diferentes e ambientou a paixão no contexto militar. Mais de um
século depois, o romance recebe adaptação cênica da Cia Funcart de Teatro. O
resultado pode ser conferido neste fim de semana, no Circo Funcart (Rua Senador
Souza Naves, 2380). Serão duas sessões: no sábado (2) e no domingo (3), sempre
às 21 horas, com ingressos a R$20 e R$10 (meia). Entradas antecipadas, com o
valor promocional de R$10, podem ser adquiridas na Funcart.
“Almanaque
conta Bom Crioulo” reforça a atualidade da trama e joga luz sobre a sutileza da
história romântica, para além dos preconceitos. Com esta opção, o diretor
Silvio Ribeiro humaniza o enredo, livrando-o de conotações panfletárias. “A
trama trata de questões muito fortes e muito polêmicas ainda hoje, mas não
queríamos que o fato de ser uma paixão entre dois homens, um branco e um negro,
se tornasse maior que a história de amor”, explica Ribeiro.
Foto Fábio Alcover e Mariana Hertel |
O
livro de Adolfo Caminha é considerado uma das primeiras obras da literatura
brasileira a abordar o sentimento homoafetivo. A versão teatral foi concebida
na forma de um show de variedades, com música ao vivo, dança e quadros que
transitam do drama à comédia. Um mestre de cerimônias, interpretado por
Donizetti Buganza, narra a história, conduzindo o público pelos sutis limites
entre o satírico e o trágico. “O narrador consegue canalizar bem a hora de rir
e os momentos de admirar o espetáculo de outra forma”, opina o diretor.
Pela
primeira vez, o espetáculo, que estreou no ano passado, será encenado em um
teatro. “As outras apresentações que fizemos foram sempre no Bar Valentino.
Agora a peça ganha em potência cênica, com mais recursos de iluminação e de
sonoplastia. A experiência interativa continua, mas será um pouco diferente,
mais centrada”, conta Silvio. Participam da trilha ao vivo canções como “Nature
Boy” (Eden Ahbez), “Os Argonautas” (Caetano Veloso), “Brigitte Bardot” (Zeca
Baleiro), “I set fire to the Rain” (Adele e Fraser T. Smith), “Bang Bang” (Sonny
Bono, hit de Nancy Sinatra) e “Canção do Mar” (Ferrer Trindade e Frederico
Brito, sucesso de Amália Rodrigues).
No
enredo, Amaro é um escravo foragido que anseia pela liberdade. É aceito na
Marinha e, em razão de sua força e benevolência, passa a ser chamado de
"Bom Crioulo". Lá conhece Aleixo, um belo grumete louro, por quem se
apaixona. Às escondidas, Amaro leva uma vida conjunta com o rapaz,
instalando-se no Rio de Janeiro. Repentinamente, porém, é transferido de função
e passa a ter folga apenas uma vez por mês. O impasse faz com que os amantes
deixem de se ver. Frustrado e solitário, o Bom Crioulo fica furioso ao saber
que Aleixo o teria traído com uma mulher.
O grupo -
O projeto Almanaque, da Cia Funcart de Teatro, começou em 2012, quando o grupo
realizou um show de variedades abordando o tema “dor de cotovelo”. Com o mesmo
formato, “Almanaque conta Bom Crioulo”, segunda edição do projeto, estreou no
Festival de Dança de Londrina, em outubro de 2013. Foi apresentando também em
dezembro, na festa comemorativa dos 20 anos do Ballet de Londrina. Este ano, a
Companhia tem sessões já agendadas no Festival Internacional de Londrina (dia 31
de agosto) e no Festival Literário (Londrix), em data a ser definida.
Renato Forin Jr.
(assessoria de imprensa)
Serviço:
Almanaque
conta Bom Crioulo
Cia Funcart de Teatro
Dias 2 e 3 de
agosto (sábado e domingo)
Às 21 horas
No Circo
Funcart (Rua Senador Souza Naves, 2380)
Ingressos:
R$20 e R$10 (meia ou antecipado, na Funcart)
Informações:
(43) 3342-2362
Duração: 50
minutos
Classificação
indicativa: 18 anos
Ficha Técnica:
Almanaque
conta Bom Crioulo
Cia Funcart de Teatro
Direção:
Silvio Ribeiro
Elenco:
Donizetti Buganza, Priscila Souza, Regina Reis, Renan Cavalari, Rafael
Loureiro, Gabriel Gruczeveski, Fernando Magre, Márcio Elesbão, Felipe Ferreira,
Ricardo Penha
Coreografia:
Alexandro Micale
Assessoria de
imprensa: Renato Forin Jr.
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