Quando esquecemos quem somos
O elenco juvenil da Escola Municipal
de Teatro encena espetáculo sobre violência doméstica, que será apresentado
neste final de semana em Londrina
Existe uma fragilidade na vida. Um limite humano que não pode
ser esquecido. “Quando esquecemos quem somos”, espetáculo da Escola Municipal
de Teatro (EMT) , que estreia sexta-feira (25), com reapresentações sábado (26)
e domingo (27), às 20 horas, no Circo Funcart, rompe essa fronteira, revelando que
o preço pode ser a violência.
O nome da peça faz uma alusão à frase “Na violência,
esquecemos quem somos”, de Mary MacCarthy, uma das mais irreverentes e
destacadas intelectuais estadunidenses dos últimos tempos, condensando o enredo
que trata dos abusos dos que deveriam amar e proteger.
A direção é de Silvio Ribeiro e texto de Francismar Lemes,
que assina pela primeira vez uma peça teatral a convite do diretor.
A violência doméstica é algo distante para muitas famílias,
mas pode se esconder nas aparências, já que os que a praticam, geralmente, são
os mais próximos.
A montagem foi criada a pedido da Secretaria Municipal de
Assistência Social para o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração
Sexual de Crianças e Adolescentes.
A peça traz um elenco
jovem, que encena o tema, a violência doméstica, que ainda é tabu e que tanto
os que sofrem ou praticam evitam comentar por medo ou vergonha.
“Entre todas as formas de violência, a doméstica é uma das
mais tristes, como o próprio texto da peça destaca. Poderíamos ter escolhido um
elenco de atores mais velhos, mas optamos por adolescentes com uma média de
idade de 13 anos porque queríamos tornar a discussão mais leve. Com o repertório
de Plínio Marcos, que já montei, teríamos condições de produzir um espetáculo
mais denso, mas fizemos outra opção”, afirma o diretor Silvio Ribeiro.
Sutilmente, na peça, a violência se instala numa família. É
quando cada um esquece quem é, os valores, desejos e sonhos, para se sujeitar
ao violentador e medo.
Os personagens representam o tradicional estilo de vida
familiar. Um casal e filho acompanham o próprio progresso financeiro e social,
através da compra de bens, como um novo aparelho de televisão, e o
relacionamento com os vizinhos.
Porém, nada é o que aparente e o conflito se instaura à medida
que os personagens se revelam.
“Fiquei mais tranquilo ao abordar o tema com o empenho do
elenco à proposta do espetáculo. Fizemos alguns laboratórios para discutirmos
qual a visão dos atores sobre a violência para que mergulhassem em uma situação
também de tristeza já que, nessa idade, geralmente em teatro trabalhamos com
temas mais brandos”, comenta Ribeiro.
A trilha sonora assinada ainda pelo diretor, que inclui desde
“Love in the air” (John Paul Young), a “Klint-Diamond” (trilha do filme Snatch,
2000), “Dead Already”, de Thomas Newman (trilha do filme Beleza Americana, 1999)
e “Tenebroso”, de Ernesto Nazareth, desenha o quadro da tragicomédia, assim
como os figurinos de Ana Carolina Ribeiro, inspirados em desenhos animados.
“O espetáculo tem ainda uma versão de ‘Love is in the air’ do
Estúdio Casa 2, com uma pegada mais de jazz, produzida especialmente pelo
músico Rodrigo Figueiredo”, destaca Ribeiro.
Participam do
elenco os atores convidados Ana Carolina Di Giorgi, que também é psicóloga, e o ator
José Motta.
“Os dois são os mais velhos do elenco. A Carolina trabalha
com população de risco e ajudou muito na análise das cenas e como reproduzir os
diálogos. O José na parte de técnica circense”, acrescenta Ribeiro.
Técnicas de circo
Para a peça, o elenco de 12 atores precisou aprender a
manipular bolas de contato, um aparelho utilizado em números de malabares. O
ator José Motta, fez um intensivão com o grupo para que, em um pouco tempo de
ensaios, pudesse executar os movimentos. Além de criar um clima de ilusão e
magia no palco, as bolas de contato despertam várias metáforas do texto.
Ficha Técnica –
Quando Esquecemos quem somos
Texto: Francismar Lemes
Direção: Silvio Ribeiro
Assistentes de direção: Ana Carolina Di Giorgi e José
Motta.
Produção: Fernanda Fernandes
Figurino: Ana Carolina Ribeiro
Cenotécnico: Dan Bueno.
Iluminação: Luiz Eduardo Pires / Dan Bueno
Professor de bola de contato: José Motta
Versão de “Loves is in the air”: Rodrigo Fgueiredo
Fotografia: Renata Cabrera
Elenco:
(Alunos da Escola Municipal de Teatro de Londrina)
Beatriz Gaiguer
Christian Fernandes
Christopher Fernandes
Diego Henrique dos Santos
Filipe Garcia
Isadora Borian
Kelvin Fernando de Melo
Larissa Azevedo
Manu Garcia
Pedro Lima
Vitor Lafranchi
José Motta.
Atores Convidados: Ana Carolina e Di Giorgi
Serviço:
Quando: 25, 26 e 27 de maio
Horário: 20 horas
Onde: Circo Funcart, Rua
Senador Souza Naves, 2380
Entrada: franca